Viagem pela Carretera Austral é experiência única, na Patagônia chilena

Tem viagens em que a própria estrada já é uma atração turística. E, na Patagônia chilena, a mais famosa delas atende pelo nome de Carretera Austral.

Ao longo de 1.240 km de extensão, o viajante vai dos lagos gelados de Porto Montt, marco zero da estrada, aos bosques perene da Patagônia chilena, passando por rios, vales, geleiras, glaciais suspensos, parques nacionais e formações rochosas milenares em meio a um lago de águas azuladas.

Tudo por ali soa superlativo, de glacial suspenso a campo de gelo com cerca de 4.200 km², como o Campo de Gelo Norte, endereço da impactante Laguna San Rafael.

Aliás, cerca de 60% da região é coberta por parques nacionais, como os da Carretera Norte (Queulat e Isla Magdalena) e os da Carretera Sul (Cerro Castillo / Laguna San Rafael / Patagonia / Bernardo O’Higgins).

VEJA ATRATIVOS DA CARRETERA AUSTRAL

LEIA TAMBÉM: “Patagônia argentina ou chilena? Saiba quais são as diferenças e programe-se”

Cinco razões para viajar pela Carretera Austral

1. É uma das estradas mais lindas da América do Sul
Até os anos 70, quando o projeto da estrada, por fim, saiu do papel, a Região de Aisén era uma espécie de ilha patagônica isolada do resto do país. Em março de 1945, foi chamada até de “paraíso perdido” pela revista de turismo En Viaje, da Empresa de Ferrocarriles del Estado.

No entanto, nem obstáculos naturais como rios e glaciais foram suficientes para impedir a construção de um dos maiores orgulhos da engenharia chilena, cujo avanço mais significativo se deu durante o governo do ditador Augusto Pinochet.

Carretera Austral (foto: Jaime Bórquez/Divulgação)

2. Dá acesso aos atrativos mais impressionantes do Chile
Entre os endereços mais famosos da Carretera estão o Vento suspensono Parque Nacional Queulat, na Carretera Norte; e a Capela de Mármorena Rodovia Sul.

O primeiro fica a 195 km de Puerto Chacabuco e a 165 km ao norte de Coyhaique. Essa língua de gelo suspensa sobre uma montanha pode ser vista em uma trilha curta (1.200 metros, ida e volta) até a Laguna Témpanos, onde é possível tomar um bote para se aproximar do glacial.

Já o Santuário Natural da Capela de Mármore é conhecido pelas rochas milenares de mármore, esculpidas pelas águas do lago General Carrera. Os passeios de barcos saem da distante Puerto Río Tranquilo, a 218 km de Coyhaique.

Mais ao sul fica a impressionante Laguna San Rafael, famosa pela geleira com vista a partir de pequenos botes.

Capela de Mármore (foto: Wikimedia Commons)

3. É a versão mais variada da Patagônia
Equivocadamente associada a terras nevadas, a Patagônia chilena é marcada por cenários que vão da estepe patagônica a bosques perenecom diferentes tipos de climas.

A região de Balmaceda, onde fica o principal aeroporto de acesso à Carretera Austral, é conhecida por suas extensas planícies, onde o clima é mais seco e frio, e a pecuária é uma das principais atividades. Eis a versão mais pastoril (e plana) de toda a Patagônia chilena.

Já destinos como Cochrane e Puerto Río Tranquilo, onde fica a famosa Capilla de Mármol, são conhecidos por seus bosques andinos patagônicos, responsáveis pelas diferentes cores de suas folhas, de acordo com a época do ano. É aqui que você vai encontrar aquelas imagens clássicas de árvores de tons amarelados no outono, por exemplo.

Só em Puyuhuapi, um dos destinos marcados pela esquizofrenia climática desse tipo de região, os índices pluviométricos ultrapassam os quatro mil milímetros anuais, responsáveis por uma das paisagens mais verdes de todo o país. Puerto Chacabuco, Puerto Aisén e Caleta Tortel são outros destinos com esse tipo de clima.

Puyuhuapi Lodge & Spa (foto: Reprodução)

VEJA TAMBÉM: “Chile surreal: confira destinos incríveis”

4. É um convite para viagens independentes
Apesar de contar com linhas de ônibus entre as cidades e excursões a partir de hotéis, o destino é melhor aproveitado de carro.

A dica é voar até Balmaceda (a 2h15 de avião da capital chilena) e de lá seguir de carro até Coyhaique, a cidade com melhor estrutura turística.

Na Carrereta Austral, planejamento é fundamental. Antes de pegar a estrada, informe-se sobre as condições de viagem, pois alguns trechos costumam ficar fechados em certas épocas do ano, por conta de manutenção ou condições climáticas.

As distâncias abaixo são apenas uma referência para o motorista, que deve levar em conta que dirigir 55 quilômetros na Patagônia, por exemplo, não é o mesmo do que em uma estrada de alta velocidade, em qualquer outra parte do continente.

Distâncias na Carretera Austral

Balmaceda (aeroporto) – Coihaique: 55 km
Coyhaique – Puerto Aisén: 67 km
Coyhaique – Puerto Chacabuco: 79 km
Puerto Chacabuco – Puerto Río Tranquilo (Capela de Mármore): 218 quilômetros
Puerto Chacabuco – Parque Nacional Queulat: 195 quilômetros
Puerto Chacabuco – Laguna San Rafael: cerca de 5 horas de navegação

Coyhaique – Nas nuvens: 222 quilômetros
Coihaique – Caleta Tortel: 462 quilômetros
Caleta Tortel – Villa O’Higgins: 155 quilômetros
Bariloche (Argentina) – Coihaique: 900 km
Puerto Montt – Coyhaique (via Argentina): 1.250 km
Coihaique – Puerto Natales: 1.360 km
Coihaique – Punta Arenas: 1.582 quilômetros

5. Tem hotéis bem estruturados
Sua viagem no extremo sul do Chile não precisa ser com perrengues e a região conta com hotéis que têm refeições e passeios inclusos. Para a elaboração desta matéria, o Viagem em Pauta teve apoio logístico do Lobos do sul.

Localizado em Puerto Chacabuco, o hotel conta com atrações na Carretera Austral Norte (do marco zero, em Puerto Montt à paisagem devastada pela erupção do vulcão Chaitén) e clássicos da estrada, como o Parque Nacional Queulat (endereço do Ventisquero Colgante), a Laguna San Rafael e as impressionantes Capillas de Mármol.

Para quem não quer ir muito longe, mas não dispensa um cenário patagônico, o Loberías del Sur tem também saídas para o Parque Aikén del Sur (a 15 minutos do hotel) e para as piscinas, naturalmente, aquecidas da Ensenada Pérez (1h de catamarã).

Loberías del Sur, em Puerto Chacabuco (foto: Eduardo Vessoni)

LEIA TAMBÉM: “Três hotéis remotos para conhecer na Patagônia”

Fuente