Bons ventos no turismo no Rio Grande do Norte: veja atrações

No Rio Grande do Norte, existem destinos que vão muito além daquele Nordeste que todo mundo já conhece.

Apesar do crescimento recente de 5% no fluxo de turistas na capital Natal, o turismo no estado tem se interiorizado, gerando emprego e renda em municípios que nem sempre estão no radar de quem viaja por terras potiguares.

Só no ano passado, o Rio Grande do Norte passou de cinco para 11 regiões turísticas, em mais de 80 municípios no Mapa do Turismo brasileiro. Assim como lembra a governadora Fátima Bezerra, o turismo no estado não se faz “apenas com sol e mar”.

“Temos o Geoparque Seridó, as regiões serranas como a serra de Martins e a serra de São Bentoo turismo religioso, a Costa Branca, a gastronomia e o artesanato”, descreve.

Barra do Cunhaú (foto: Eduardo Vessoni)

No primeiro semestre deste ano, por exemplo, a SETUR (Secretaria de Estado do Turismo) assinou um convênio com o SEBRAE/RN, no valor de R$ 1,2 milhão, com o objetivo de regionalizar o turismo com a criação de novos produtos e a inclusão de comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, estruturação do ecoturismo, turismo de aventura e espeleológico.

Por isso, não estranhe se nos próximos meses você passar a ouvir sobre lugares como Sítio Novo, Apodi, Banho Formosacidade natal do surfista Ítalo Ferreira, Canguaretama e Tibau do Sul, mais conhecida pela Praia de Pipa, Parnamirim, onde fica o gigante cajueiro de Pirangi, e a (ainda) desconhecida Nísia Floresta com sua observação de baleias.

Castelo do Zé dos Montes (foto: Eduardo Vessoni)

Combinação perfeita
Com 300 dias de sol, ventos constantes e um litoral isolado que, para nossa sorte, não vê o turismo de massa tomar suas faixas de areia. No cotovelo do Brasil, onde o vento faz a curva, as paisagens trazem novos olhares para um turismo nordestino cansado que, há anos, insiste em oferecer as mesmas opções para o turista.

A Costa Branca, cujo nome é uma referência aos mais de 90% do sal marinho produzido no Brasil, é o único endereço brasileiro onde o sertão se encontra com o mar, em meio a dunas, falésias e imensas montanhas brancas de sal. Esse polo turístico no extremo norte do estado tem 170 km de litoral e é formado por 17 cidades que dão acesso a atrativos como Galinhos e Ponta do Mel.

Já no interior potiguar fica o Seridó, região com trilhas até pinturas rupestres de nove mil anos e caminhadas puxadas entre as paredes baixas do Cânion dos Apertados.

Neste roteiro aventureiro, a sua viagem termina com um pêndulo humano na boca de uma pedra, entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte, em um setor onde as temperaturas são mais amenas.

Duna do André, em Galinhos (foto: Eduardo Vessoni)

O que fazer no Rio Grande do Norte

Bons ventos
Bem ali onde o vento faz a curva, o Rio Grande do Norte é destino para a prática de pipa e onda surf.

Em Galinhospenínsula a 170 quilômetros de Natal, as temporadas de vento e chuva não se encontram, favorecendo a prática do esporte inclusive por amadores que queiram ter aulas no mar ou em lagoas entre dunas, sob ventos que chegam a 35 nós.

“Aqui, a temporada de chuva entra só no final de março. Em Galinhos, o vento bomba quase o ano inteiro e a temporada se estica até março”, explica o instrutor de kite Igor Daniel Tkatsch, responsável pelo Cocoloco Center, a única escola de kitesurf do município.

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Entre o mar e o rio, a cidade é destino também de passeios por dunas e lagoas, e um imperdível roteiro de barco por manguezais onde caranguejos e garças-azuis são figuras fáceis. Tem até tubarão.

A experiência mais completa por ali é conduzida por Jr. Tubarãoum morador local que organiza passeios gastronômicos com almoço preparado por ele mesmo e visitas a alguns dos canais estreitos de Galinhos, onde dá para fazer também Stand Up Paddle ou snorkel em águas claras.

É tudo tão exclusivo que o vizinho distrito de Galos, a três quilômetros dali, carros não entram e a única opção de hospedagem é a pousada Peixe-Galo, estabelecimento com apenas dez quartos e de frente para o Rio Aratuá.

FIQUE ATENTO
O município de Galinhos fica isolado em uma península formada por dunas e tem acesso por barcos que saem de Pratagil, onde ficam os veículos dos visitantes.

O transporte mais comum por ali são as tradicionais charretes que servem não só como táxi mas também para passeios até a Praia do Farol.

Com ventos constantes de setembro a março, São Miguel do Gostoso é outro ponto popular para a prática de kite.

“O sucesso local se deve ao vento garantido e ao clima quente”, define Kauli Seadi, tricampeão mundial de windsurf na categoria wave, vice-campeão mundial (2006 e 2009) e 11 vezes campeão brasileiro de windsurf.

Para ele, diferente da Praia de Pipa, Gostoso é destino de família de velejadores em busca de esportes. “O forte daqui não é a vida noturna. É radical para iniciantes, pois o mar é flat com marola e as condições são ecléticas”, finaliza Seadi, em referência ao mar liso (‘flat’), combinado com ondas pequenas (‘marola’).

50 tons de duna
Muito além das dunas de Natal e da manjada Praia de Genipabu, o estado tem outros cenários do gênero, fora do turismo de massa, como Areia Branca, a 270 km de Natal.

As Dunas do Rosado, entre a cidade de Porto do Mangue e o vilarejo de Ponta do Mel, são montanhas de areia coloridas por sedimentos das falésias vizinhas que pintam aquelas montanhas de areia. Dizem que são rosadas, mas de acordo com a luz do dia, a gente jura que são alaranjadas, avermelhadas ou em tons amarelos.

Esse local isolado com 10 km² de extensão serviu de cenário para as novelas Flor do Caribe e ‘O Clone’, e para o filme ‘Maria, mãe do filho de Deus’.

foto: Creative Commons

9 mil anos de história
Longe do convidativo mar de águas cristalinas, o turismo potiguar acontece também na região do Seridó, onde o turismo ainda é incipiente e as atrações são dispersas, ao longo de toda a região.

Entre arbustos e árvores baixas, é possível fazer caminhadas curtas até sítios arqueológicos que guardam pinturas rupestres escondidas, no Sítio Arqueológico Xiquexique, a 3,5 km de Carnaúba dos Dantas. Esse geossítio é conhecido pelos trabalhos em tons avermelhados, classificados como Tradição Nordeste.

Mais ao norte fica Cerro Corá, município que abriga o Serra Verde, outro geossítio com geoformas rochosas com mais de 530 milhões de anos e pinturas rupestres dentro de uma gruta.

Geossítio Cânions dos Apertados, em Currais Novos (crédito: Getson Luís/Divulgação)

“São formações rochosas com formatos interessantes, como a Pedra do Nariz, resultado da ação do calor, da chuva e do vento”, explica o guia Ronivon Pereira.

Para sentir na pele, literalmente, os efeitos da geografia dura do sertão, a próxima parada é no Cânion dos Apertados, o único do mundo formado por quartzito e eleito uma das ‘Sete Maravilhas do Rio Grande do Norte’.

O atrativo fica em Currais Novos, a pouco mais de 180 km de Natal, e pode ser explorado em uma trilha exigente de três quilômetros sobre o leito seco do rio Picuí, na Serra da Timbaúba.

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Castelo surrealista
Já em Sítio Novo, a 100 quilômetros de Natal, fica o Castelo Zé dos Montes, uma “construção manual e intuitiva” sobre uma rocha, como explica Joseildo Gomes de Oliveira, filho do idealizador da obra, José Antônio Barreto, o Zé dos Montes, morto em 2020.

Não concluída, a obra pode ser visitada apenas nos finais de semana, cujos ambientes sem móveis podem ser explorados pelo visitante, como salões rochosos e altares em pedra. Mas o destaque é o curioso labirinto feito de terra que representa a Via Crucis.

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Balança mas não cai
A experiência na área de resgate industrial, aliada a um sonho antigo, foi a inspiração para que o carioca Julio Castelliano criasse o inusitado Pêndulo da Pedra da Boca, em em Araruna, já em território paraibano.

O Parque Estadual da Pedra da Boca fica na divisa com o Rio Grande do Norte e serve de cenário para um pêndulo humano que acontece na abertura de uma rocha suspensa. O balanço acontece a 300 metros de altura, em uma corda com 30 metros de comprimento.

A cidade potiguar de Serra de São Bento, a 115 km de Natal, é uma das cidades com melhor infraestrutura para quem visita a região.

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