Filipe e Jorginho Mello

Filipe e Jorginho Mello (foto: Reprodução)

A escolha do advogado Filipe Mello, filho do governador Jorginho Mello (PL), para assumir a Secretaria de Estado da Casa Civil, torna oficial uma função que já era exercida nos bastidores. Filipe é o articulador político de Jorginho, e manteve-se na posição de “secretário informal” ao longo de todo o primeiro ano de governo.

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O filho “zero-dois” participou de todos os passos na formação do secretariado, ainda em 2022. Entrevistou, um a um, os indicados a comandar as pastas. Três vezes secretário de Estado, no governo Colombo, e duas vezes secretário municipal em Florianópolis, Filipe era considerado o nome natural para assumir a Casa Civil – mas Jorginho preferiu evitar o desgaste na largada.

Os problemas que o governo enfrentou na articulação, no entanto, tornaram a mudança urgente. Faltou experiência a Estêner Soratto, então secretário, e ao líder do governo na Alesc, Edilson Massocco. Isso refletiu até mesmo nos embates internos da bancada do PL, que reúne perfis parlamentares bastante diversos e difíceis de conciliar. Se por um lado havia boa-vontade da Assembleia com as pautas de início de governo, por outro as reclamações nos gabinetes começaram a pipocar.

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Partiu do próprio Legislativo a pressão para colocar Filipe oficialmente na função. Mesmo distante dos holofotes, ele recebia com frequência os deputados das diferentes bancadas em seu escritório no Centro da Capital e fazia as vezes de “ouvidos” para o governador. Algo que faltava à Casa Civil.

O deputado Ivan Naatz (PL), da base do governo, diz que os pedidos para que Jorginho formalizasse Filipe na Casa Civil já ocorriam há mais de seis meses.

Na reta final do ano, o papel de Filipe Mello nas negociações que envolvem o governo ficou evidente em duas pautas em especial: na judicialização da Universidade Gratuita e das mudanças nas regras para as eleições de diretores nas escolas. Em ambos os casos, o governo obteve vitórias na Justiça. Era o empurrão que faltava.

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Pode haver estranhamento, mas não há ilegalidade na nomeação. A súmula do STF de 2008 que estabelece o que é nepotismo limita a regra para cargos de comissão e confiança – mas não é aplicada em funções políticas, como é o comando da Casa Civil. Mesmo assim, o assunto foi bastante discutido internamente no governo.

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Jorginho chegou a afirmar em entrevista à CBN, há poucos dias, que Filipe só não tinha sido indicado ainda por ser seu filho. O governador calculou danos e riscos de imagem, e resolveu apostar no que poderíamos chamar de “solução caseira”.

Advogado bem-sucedido na Capital, com atuação também em Brasília, Filipe Mello deixará as atividades no escritório para assumir a Casa Civil. Entra oficialmente em jogo num momento crucial para um governo que se elegeu sozinho, mas mira nas alianças de olho nas eleições municipais. A tarefa é grande, e a cobrança virá na mesma proporção.

Em nome da transparência, é sempre melhor um secretário com tinta na caneta do que uma poderosa figura de bastidor.

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