‘Nem pense em me matar’. Esse é o mote da campanha nacional do Levante Feminista Contra o Feminicídio, que realizou, nesta quinta-feira (28), um ato contra a violência de gênero no Distrito Federal. A atividade realizada na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, reuniu mulheres de diferentes organizações que denunciaram os dados alarmantes de feminicídios no DF. Até 26 de dezembro, foram 34 mulheres assassinadas.

O número atual representa um aumento de 100% em relação à 2022, que registrou 18 assassinatos de mulheres no DF, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do DF.

Durante a mobilização, foram distribuídos panfletos com informações de canais de denúncia e exigências de políticas públicas para dar assistência de segurança, jurídica e psicológica às mulheres vítimas de violências.

Para a professora da rede pública de ensino e militante do Levante Feminista Contra o Feminicídio do DF e Entorno, Vilmara do Carmo, as ferramentas de prevenção e combate à violência de gênero não atendem às demandas.

 “É um problema cada vez mais comum desde a promoção da política do Bolsonaro e aqui no DF não mudou essa rotina, porque está presente no governo Ibaneis. Ele não tem feito uma intervenção necessária e eficiente nas políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica, que é onde começam todos os casos de feminicídios”, apontou Vilmara, que é membro do Conselho dos Direitos da Mulher do DF.

Rita Andrade é também militante do Levante Feminista e reforçou a necessidade de uma trabalho que seja voltado para a prevenção por meio de processos educacionais e não somente o recrudescimento da pena para os casos já ocorridos.

“É necessário um trabalho organizado de psicólogos e assistentes sociais, tratar homens sociabilizados com esse tipo de violência e evitar que esse tipo de comportamento seja disseminado. Não queremos que esses homens sejam apenas punidos, mas que também sejam tratados. Em todos níveis, homens jovens, adultos e velhos com esse tipo de tendência. E deve começar como pauta de educação em todos os lugares, como transporte público, campanhas de comunicação e nos suportes de segurança e saúde”, observou.

Uma das reivindicações do Levante Feminista durante o ato é que todas as recomendações aprovadas na CPI do Feminicídio da Câmara Legislativa, finalizada em maio de 2021.

Apesar das estatísticas, para as ativistas do Coletivo de Mulheres Negras Baobá, Jacira Silva e Lourdimar Serra, destacam que a luta feminista nos últimos anos tem demonstrado um movimento positivo para dar visibilidade a problemas que geralmente são silenciados e invisibilizados por pressão de hierarquias sociais e ressalta a importância do papel masculino em também manifestar repúdio contra essa estrutura de violência. 

“As pautas feministas têm melhorado bastante essa visão dos homens. Mas cabe aos homens também falar para os homens sobre a não-violência. A não violência entre homens e mulheres, que haja a conscientização destes homens, independente de suas idades, para que o respeito e o amor prevaleçam nas relações sociais, humanas e íntimas. E que infelizmente está ligado a todas as outras formas de violência que imperam. Violência policial, a violência alimentar, a violência educacional, a violência no contexto maior de negar os nossos direitos”.

Crime hediondo

A prática de feminicídio passou a ser classificada como crime hediondo através da Lei nº 13.104 de 2015. O Painel Interativo de Feminicídios do Governo do Distrito Federal, ferramenta que apresenta infográficos sobre as mortes de mulheres no DF, mostra números consolidados de 2015 a 2023 (com última atualização em 23 de novembro), mostra que no total 175 mulheres perderam a vida neste período.

“Com a intenção de sensibilizar mais mulheres, a sociedade, as autoridades, gerar mais engajamentos para que nenhuma morte violenta de mulher seja naturalizada, nem esquecida, e para que as políticas públicas previnam mortes evitáveis e minimizem as condições adversas de vida de crianças e de adolescentes que perderam suas mães para o patriarcado, o Levante Feminista Contra o Feminicídio DF Entorno segue em vigília pela vida de todas as mulheres, e pelo fim do feminicício, lesbocídio e tranfeminicídio”, destaca trecho do Manifesto entregue durante a mobilização.

Violência contra a mulher: saiba como denunciar

Ligue 190 – PMDF

Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher – DEAM

Funciona 24 horas diariamente.

Endereços: EQS 204/205, Asa Sul ou Praça da Estrela, lote 01, s/n, Centro Metropolitano – Taguatinga

Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino






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