Preço do cacau bate recordes históricos devido ao calor e à seca

Ninguém fica amargo com um doce. É o que diz o provérbio espanhol, embora o preço do cacau, um dos principais ingredientes do chocolate, possa deixar um sabor muito amargo na boca. E não é porque o sabor mudou, mas porque o preço dessa matéria-prima disparou nos últimos meses a ponto de apagar registros históricos de quase meio século. Embora ainda não tenha chegado às prateleiras dos supermercados, os chocolateiros pagam mais de 9 mil euros por tonelada e os preços continuam a subir, na semana passada acumularam uma subida de 10%.

Os olhares estão direcionados para África, especificamente para a Costa do Marfim e Gana. Estes dois países acumulam mais de 60% da quota de produção, muito à frente de países como a Indonésia, o Brasil, o Equador ou a Nigéria. A falta de precipitação e as altas temperaturas das últimas semanas têm sido os últimos males de uma cultura que tem sido muito fragilizada nos últimos anos pela condições meteorológicas.

O El Niño, fenómeno meteorológico relacionado com o aquecimento do oceano Pacífico equatorial oriental, em conjunto com o aquecimento global, provocou, em meados de fevereiro, diversas ondas de calor que enviaram o mercúrio nos termómetros acima dos 40 graus nestes países. A esta situação somam-se os incêndios florestais e um surto de vagem preta que provoca a inflamação dos rebentos ou o abandono do cacau pelos agricultores. Com esta situação, a chegada de cacau da Costa do Marfim foi reduzida em um terço. “Esta situação não será resolvida tão cedo”, afirmam os especialistas, apontando para as condições climáticas.

A tempestade perfeita

Contudo, a tempestade ainda pode ser ainda mais ‘perfeita’. O Federação do Comércio de Cacau (FCC) alerta que o aumento do preço do cacau é acompanhado pelo do açúcar. “Requer um acompanhamento atento”, alertam os especialistas em comércio internacional. Neste caso, a atenção está voltada para o Brasil, principal produtor e exportador de açúcar.

Normalmente, os preços do açúcar tendem a subir de setembro a dezembro e a cair a partir de dezembro. Mas os fenómenos meteorológicos, como as fortes chuvas durante a época de colheita, também estão a perturbar a produção e a causar aumentos de preços.

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