reserva federal fed campo neto banco central juros selic

reserva federal fed campo neto banco central juros selic
O Fed pode alterar os planos de flexibilização monetária à medida que a economia volta a aquecer. (Imagem: Reuters)

Não há trégua para o investidor. Se uma vida plena depende da noção de ataraxia (ausência de preocupações, ansiedades ou preocupações), estamos perdidos. Se houvesse uma próxima vida, gostaria de voltar como dentista.

Dada a sensibilidade demonstrada por Mercados brasileiros às taxas de lei de mercado nós EUAnada é mais preocupante do que a possibilidade de que o Reserva Federal actualizar o seu prognóstico para a política monetária norte-americana.

Depois de muito tempo, o mercado voltou a ter visão semelhante à do banco central norte-americano quanto ao comportamento da sua taxa básica de juros, projetando o início da flexibilização em junho e três cortes até o final do ano.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Poderia o Fed repensar os cortes nas taxas de juros?

Como atrai a atenção Mohammed El-Erian na sua coluna Bloomberg Hoje, isso é uma boa notícia, mas não é tudo.

Ainda mais preocupante é a possibilidade de mudança iminente nas estimativas. Dada a força da economia e a persistência da inflaçãoacompanhado por um vigor inesperado nos preços do petróleo Petróleo (actualmente no seu máximo em quase cinco meses), teme-se uma mudança no gráfico de pontos da Fed, com a opinião maioritária do Banco Central dos EUA a sugerir apenas dois cortes até ao final do ano.

Ainda não é o cenário base, mas poderá ser particularmente mau para os mercados emergentes, para os passageiros em agonia que aguardam Taxa de fundos federais.

Num relatório recente, o Bank of America Merrill Lynch alertou para a risco de o núcleo da inflação nos EUA voltar a 4% em junho. Não só abandonaríamos a convergência para o objectivo de 2%, como também começaríamos a divergir. Como resultado, teríamos muito mais dificuldade em afrouxar o torniquete monetário.

Paralelamente, Michael Wilson, do Morgan Stanley, chamou a atenção para o patamar de 4,35% do rendimento do Tesouro de 10 anos. Segundo ele, trata-se de uma referência técnica importante, cuja superação poderá desencadear uma correção de ações Nos Estados Unidos. Hoje estamos lá com 4,30%, dançando na beira do vulcão, portanto.

Copom também está no radar

A semana está repleta de reuniões de política monetária. Esta noite, o Japão atualiza sua taxa básica de juros, com possibilidade de abandonar taxas negativas. Teremos ainda eventos semelhantes na Austrália, Turquia, México, Rússia e Inglaterra, bem como, claro, os nossos próprios Copom.

Não há muitas dúvidas sobre a própria definição envolvendo o Selic esta quarta-feira. As expectativas consensuais sugerem um novo corte de 50 pontos base, para 10,75% ao ano.

A principal dúvida está na comunicação da diretoria do BC, mais precisamente sobre preservar ou não o plural para sinalizar novos cortes de 50 pontos-base nas próximas reuniões. Alguns analistas prevêem a supressão da orientação futura. Ou seja, alterar o texto para incluir indicação apenas para a próxima reunião; outra parcela espera preservar os sinais de continuidade do ritmo para mais dois encontros.

Embora reconheçamos que existe uma probabilidade não desprezível para ambos os cenários, atribuímos maior chance de preservação do plural, contraindo o mesmo ritmo para as próximas duas reuniões, seguida da afirmação de que o forward guidance será abandonado na próxima reunião . Famosa decisão salomônica.

Em resumo, achamos que o Copom deveria cortar 50 pontos, indicar mais duas doses dessa magnitude e abandonar os sinais muito mais à frente.

Nesse sentido, a decisão da Selic e os comentários associados teriam pouca capacidade de movimentar os mercados. Na esfera interna, o intervencionismo na economia, o risco de uma virada populista para recuperar os índices de aprovação do governo, a cacofonia presidencial e o que fazer com as surpresas positivas advindas das receitas geram muito mais ansiedade.

Se não há como escapar da agitação sistêmica, talvez possamos recorrer a outra abordagem para uma vida plena: a eudaimonia, um estado em que alguém é habitado por um “bom gênio” (ou espírito, não necessariamente no sentido metafísico), também definida como harmonia da alma, por sua vez alcançada através da busca pelo caminho da virtude.

A verdade é que, na esfera macro, estamos em mares nunca antes navegados. Apesar de vários palpites por aí, alguns até razoavelmente bem direcionados, ninguém sabe ao certo quanto esforço será necessário para cobrir esta última milha da inflação global em direção à meta.

E não vamos esquecer a temporada de ganhos

Se o macro é difícil, recorremos às micro e às empresas virtuosas. Algumas coisas parecem não ter recebido a devida atenção nesta temporada de resultados:

Direcional tem uma margem REF de 42%. Isso indica uma margem bruta para os próximos trimestres de 38/39%. Acontece que todos modelam isso com uma margem convergindo para 34/35%, até porque foi o sinal histórico da gestão.

Mas as vendas estão assustadoramente fortes e o controle de custos e despesas está acontecendo surpreendentemente bem. Basta somar as coisas para ver como o consenso subestima o lucro da empresa no ano. Se você aplicar uma margem bruta de 38,5% na Direcional este ano, você chegará a um lucro líquido próximo a R$ 570 milhões, cerca de 15% acima do projetado pelo consenso.

Aí você corre o risco positivo de a empresa voltar a vender projetos este ano e praticamente eliminar a dívida. Como corolário, será um excepcional pagador de dividendos. Melhor operadora de baixa renda em escala nacional, usufruindo de todos os benefícios de um setor cada vez mais subsidiado.

Eletrobrás divulgou um EBITDA cerca de 15% acima do consenso, numa demonstração inequívoca de que a reviravolta está a acontecer e é apenas o começo. A ação sofreu um golpe na sexta-feira devido a notícias que a própria empresa negou no final do dia.

Localizar mostrou mais uma vez que, apesar do ambiente extremamente difícil, consegue sobreviver com importantes vantagens competitivas. Os preços dos carros usados ​​não caem há dois meses e o crédito está voltando. A safra de carros caros adquiridos durante a pandemia está saindo do balanço, enquanto a operação de aluguel de carros continua marcando preços sem impactos significativos nos volumes.

Poucas compras são tão convincentes quanto uma excelente empresa passando por um momento ruim, em que os preços reagem de forma muito mais proporcional do que o valor intrínseco.

As conversas sobre a taxa natural de desemprego ou taxas de juros neutras no Brasil são, por definição, absolutamente platônicas, construídas com base na abstração dos economistas. Poucas coisas são tão concretas quanto bons ativos, adquiridos com desconto. O prêmio da virtude é a própria virtude.

Fonte