Galeno: os números do senhor Europa

Chamámos-lhe o «Senhor Europa»: são 5 golos e 3 assistências na Liga dos Campeões

Este texto de opinião é sobre Wenderson Galenomas podia ser sobre outros jogadores, de outros clubes. Faça o exercício: de cada vez que ler Galeno, imagine aquele jogador que o leva da euforia ao desespero – e vice-versa. Pode ser Rafa, Edwards ou Bruma, acompanhe só o raciocínio.

Galeno é um desequilibrador. No sentido em que nunca se sabe bem o que vai fazer – seja o infeliz que não sabe um colega ou um adversário. E no sentido em que, às vezes, desequilibra a própria equipa e as expectativas que há sobre ele. Mas é o desequilibrador possível. Se decidisse e executasse sempre bem, já não estaria no FCPortomas num qualquer tubarão europeu, que pegasse na sua velocidade e imprevisibilidade e as transformasse em muitos golos, muitas assistências e espetáculo de três em três dias.

Galeno é, no fundo, um jogador irritante. Perde bolas, falha dribles, é capaz de não acertar na baliza quando ela se apresenta escancarada à sua frente. Os adeptos levam as mãos à cabeça, perguntam-lhe como foi possível, exigem-lhe melhor, sabendo que isto fará sempre parte do que tem para dar.

Galeno é aquele lance aos 22 minutos do FC Porto-Arsenal, com o azar e a pressa a levarem a bola ao poste e ao lado, de forma inacreditável, desesperante. Um falhanço que podia correr mundo ou levar um treinador menos crente a desabafar no fim que os jogadores falham em frente à baliza, mas a culpa é sempre dele.

Mas Galeno também é um resistente. Resiste às dúvidas, resiste ao que podem pensar dele, e insiste: continua a correr, a tentar driblar, cruzar ou rematar. Sérgio Conceição confia nele: sabe que, a qualquer momento, Galeno pode resolver um jogo. Por isso, coloca em mudo os treinadores de bancada e deixa-o em campo. Até ao fim, acreditando.

E é assim que se resolve uma primeira mão de uns oitavos de final da Liga dos Campeões, contra uma equipa recheada de talento (e dinheiro…), que luta pela Premier League.

Toda a equipa fez um esforço hercúleo. Houve solidariedade, muita crença e outros talentos individuais (Alan Varela, o que foi aquilo?!?!?). Mas também começou a haver muito cansaço, é muito difícil passar 90 e tal minutos num estado de tensão e concentração máximas, sabendo que não se pode errar nem uma vez.

Com o aproximar do fim, Galeno fez uma falta no meio-campo defensivo completamente inútil – e o Arsenal podia ter criado perigo. O FC Porto tentava sair rápido e assustar, mas Galeno já não tinha força e chegou a passar a bola a um adversário. Como é que Conceição não o substitui?

E eis que, aos 94 minutos, um outro Galeno recebe a bola na esquina da área, coloca-a a jeito e dispara. É golo do FC Porto, um golaço, e os dragões estão em vantagem na eliminatória. Galeno soma 5 golos e 3 assistências nesta edição da Champions e continuará a levar os adeptos da euforia ao desespero – e vice-versa. Ainda bem.

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