Espanha está no último lugar dos países europeus em produtividade, o que poderia ser um desafio para implementar a redução da jornada de trabalho que o Governo pretende, uma medida que afetaria 6 em cada 10 trabalhadores no nosso país. “O que mais me preocupa é como isso é feito”, destacou esta quinta-feira em La Linterna Carlos Losada, doutor em Gestão Empresarial pela ESADEsobre aquela redução da jornada de trabalho.
“Uma redução, mesmo que não seja de 15 dias, porque em alguns casos serão 6 dias da contagem total anual, Existem muitas PME que não conseguirão responder a este aumento direto dos custos.“, explicou Losada ao Expósito, insistindo que “como é muito importante”. “Cada empresa é diferente, haverá aquelas que conseguirão arcar com esse custo e outras que não conseguirão”, enfatiza.
Assim, e voltando novamente à produtividade e ao problema em Espanha. Mas como pode uma redução do horário de trabalho reverter a situação de produtividade numa PME? “Essa é a questão chave que nem o Governo nem as associações empresariais, nem mesmo os sindicatos, conseguem responder hoje, é uma questão quase micro.” Embora reconheça que 7,3% da produtividade foi perdida, “O que é igualmente mau é que no que diz respeito à Europa não melhorámos em 22 anos. Pouco mais de 2 décimos”. Algo que, salienta, “é comparativamente importante porque a nossa economia é muito aberta”.
O aumento do Salário Mínimo Interprofissional
Losada considera “provável” que as PME sejam as que mais sofrerão com o novo aumento. “O fato de subir não é ruim, o problema é quanto tempo leva para subir.”, esclarece o especialista em Gestão Empresarial. “Se proporcionarmos ao empresariado um aumento bem planejado, o empresário pode começar a calcular se pode ou não fazer investimento.” “A previsibilidade é crítica na gestão do aumento do SMI.”
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Assim, e no que diz respeito à produtividade, o especialista assegura que “estamos um pouco enganados”, porque tem muitas variáveis e algumas “são pouco discutidas”. Entre elas: a formação profissional é crítica; o tamanho da empresa, há estudos que determinam que o tamanho favorece a produtividade; em economias sem concorrência em inovação é um suicídio a médio prazo; e depois os problemas dos mercados de trabalho, o peso burocrático, a eficácia da resolução de conflitos…
Funcionários em conselhos de administração
O último dos temas que Losada abordou no COPE é a proposta do Ministro do Trabalho de apresentar funcionários aos conselhos de administração das empresas. “É uma das medidas mais delicadas e que deveria ser mais repensada”, ressalta. Para o médico do ADE, é delicado que um órgão como o conselho de administração, “que tem contrato fiduciário com os acionistas”, apresente pessoas que tenham “interesses de grupo”. Na verdade, esclarece, colocar a Alemanha como referência é “enganar-nos”, porque “os primeiros interessados no bom desempenho da empresa são os sindicatos por causa dos planos de pensões”.
Uma solução sensata para o especialista é a do Reino Unido, que, se quiser que as questões sociais estejam presentes no conselho, “o que é importante”, pode permitir combinar o fator social “sem muitas turbulências”. “Pode haver um conselheiro especializado nessas questões ou uma comissão de questões sociais”, finaliza.