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O presidente da Argentina, Javier Milei, e o Papa Francisco vivem um momento de reaproximação, depois de uma série de declarações polêmicas do chefe de Estado nos últimos anos, que, no entanto, vem moderando seu discurso sobre o líder da Igreja Católica nos meses mais recentes.

Na segunda-feira (8), o Milei convidou Francisco a visitar o país em uma carta, dizendo que considera que a sua presença “trará frutos de pacificação e de fraternidade de todos os argentinos”.

A carta foi publicada e divulgada na conta oficial da Presidência da República na rede social X, o antigo Twitter, com uma mensagem contundente: “você bem sabe que não precisa de convite para vir à Argentina. Correndo o risco de dizer o desnecessário, eu o convido a visitar a nossa querida pátria, de acordo com as datas e locais que nos indique, tendo presente o desejo geral das nossas cidades, províncias e vilas de contar com a sua presença e transmitir nosso afeto filial.”

Por sua vez, o Papa Francisco se mostrou aberto a visitar a Argentina numa entrevista a Fabio Fazio no talk show italiano “Che Tempo Che Fa”, transmitido pelo canal italiano NOVE, bem como pela CNN, propriedade da Warner Bros.

O pontífice acrescentou que “está prevista a possibilidade de fazer esta viagem durante o segundo semestre do ano”. Se isso acontecer, seria a sua primeira visita desde a sua posse como papa em 2013, e isso aconteceria no início do mandato presidencial de Milei, que no passado, o chamou de “canhoto” e “comunista”, e até o chamou de “o representante do mal na terra”.

Milei fez várias declarações controversas sobre Francisco durante a sua ascensão como figura pública e, depois, durante a corrida à Casa Rosada, embora tenha moderado marcadamente entre as eleições primárias de agosto de 2023 e a segunda volta de novembro, em que foi eleito presidente.

Durante sua jornada, em novembro de 2020, Milei, que iniciava sua campanha para ocupar uma vaga na Câmara dos Deputados, afirmou no programa argentino Nada pessoal do Canal 9: “Vou falar logo de cara. O papa é o representante do maligno na terra, ocupando o trono da casa de Deus (…) O papa promove o comunismo, com todos os desastres que causou e que vão contra as próprias escrituras sagradas.”

Três anos depois, quando estava no meio de sua campanha presidencial, Milei despontou na mídia americana em uma entrevista ao apresentador Tucker Carlson. Mais uma vez, as suas declarações contra o pontífice tiveram eco nos diversos meios de comunicação nacionais e internacionais: “O papa joga politicamente. Ele é um papa que tem forte interferência política. Ele também demonstrou grande afinidade com ditadores como Castro ou Maduro. Ou seja, ele está do lado de ditaduras sangrentas.” O então candidato presidencial disse ainda que Francisco “tem afinidade com comunistas assassinos. Na verdade, não os condena. Ou seja, ele é bastante condescendente com eles e também é condescendente com todos da esquerda, mesmo quando são verdadeiros criminosos.”

Suas declarações provocaram o repúdio dos padres na Argentina, a tal ponto que a equipe de Padres de Vilas e Bairros Populares, pertencentes à Igreja Católica, organizou uma “missa em reparação ao Papa Francisco” em plena campanha presidencial.

O então candidato oficial à presidência, Sergio Massa, usou os comentários polêmicos de Milei como arma em um dos debates anteriores às eleições: “Mais do que uma pergunta, quero fazer um pedido a você. “a Argentina tem milhões de fiéis católicos e você ofendeu o chefe da Igreja.”

Sem hesitar, Milei respondeu que já havia pedido desculpas e que “faria de novo”: “eu disse que, se o papa quisesse vir à Argentina, eu respeitaria. “Pare de trapacear e se dedique a reduzir a inflação e acabar com o seu governo de maneira decente”, atacou Milei naquele debate.

No seu caminho de moderação em relação ao papa, depois das primárias Milei declarou que iria respeitar Francisco “como chefe da Igreja Católica”, repudiando figuras do seu partido, La Libertad Avanza, que chegaram a propor romper relações com o Vaticano. .

Por sua vez, sem nomear Milei, o papa deixou uma mensagem clara sobre os líderes da extrema direita no mundo: “não se sai das crises sozinho. Éramos todos jovens sem experiência e, às vezes, meninos e meninas se apegam aos milagres, aos messias, às coisas que se resolvem de forma messiânica. O messias foi o único que salvou a todos nós. Os outros são todos palhaços do messianismo”, disse ele em entrevista à agência de notícias estatal Télam.

No dia 21 de novembro de 2023, dias depois de Milei ser eleito presidente no segundo turno, Francisco ligou para ele para parabenizá-lo, algo que o libertário agradeceu em sua conta oficial na rede social X. Segundo comunicado do gabinete de Milei, o Papa ligou para ele “para parabenizá-lo e expressar seus votos de união e progresso.”

Quase um mês depois, poucos dias depois de comemorar o seu 87º aniversário, Francisco se referiu à sua relação com Milei numa entrevista que concedeu ao canal mexicano N+: “temos que distinguir muito entre o que um político diz na campanha eleitoral e o que realmente será feito depois, porque é nossa hora que chegam as coisas concretas, as decisões, e outras coisas.”

Resta saber se finalmente ocorrerá um encontro presencial entre o presidente da Argentina e o líder da Igreja Católica. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, disse que Milei será recebido em Roma pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, no dia 11 de fevereiro, no que também poderia ser uma oportunidade para Milei visitar Francisco no Vaticano, algo que a imprensa argentina noticiou, embora ainda não haja confirmação oficial.





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