A sala de estar do BBB24 tem posição central para garantir que os participantes se encontrem e não consigam fugir dos conflitos existentes (Imagem: Divulgação | Globo | Manoella Mello)

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Nos últimos dias, os conflitos entre os participantes do BBB24 estão entre os assuntos mais comentados na internet. O fato é que a decoração da casa, repleta de informação, também impacta diretamente no comportamento dos irmãos. Além disso, o confinamento muitas vezes deixa todos à flor da pele.

De acordo com a psicóloga Vanessa Gebrim, já foi comprovado que as cores interferem no comportamento das pessoas. “(…) A própria composição da casa, com suas cores, muitas coisas misturadas, muitos materiais na decoração, fomentam os agentes estressores. E isso foi pensado para estimular em excesso as pessoas, para que fiquem mais suscetíveis ao desequilíbrio emocional”, comenta a especialista.

Abaixo, entenda um pouco mais como a decoração do BBB24 impacta os participantes!

1. Excesso de informação nos ambientes

Os ambientes que não combinam entre si também podem ser uma escolha proposital. “O cérebro acaba recebendo tanta informação que não relaxa. Isso pode gerar estresse e ansiedade. O objetivo acaba sendo causar essa sensação de desconforto e muitos estímulos de informações em todos os cantos. Tem poucos elementos naturais, poucas janelas, ou seja, é o oposto do que seria apropriado ao relaxamento”, explica Vanessa Gebrim.

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Ainda de acordo com ela, uma casa com muita informação, cores e materiais interferem no humor, produtividade e sono, e gera sentimento de angústia, ansiedade e estresse. “A iluminação também acaba influenciando o emocional. A luz quente traz aconchego, e a luz fria acorda. A impressão que eu tenho é que, na casa do BBB, é tudo invertido justamente para a pessoa ficar constantemente ligada e acordada! Muita cor, ao mesmo tempo, atrapalha, e o excesso de informações afeta diretamente as emoções e a saúde mental”, revela a psicóloga.

2. Imersão física e mental no espaço

Para a arquiteta Bárbara Lopes, especialista em regularização, psicoarquiteta e CEO da Ciclo Arquitetura, a intenção da casa é transportar os participantes para outro tempo e espaço. “A ideia de passar por uma linha do tempo se perpetua do ano passado para esse. Essa ideia de parecer que os participantes estão realmente em outro mundo, esse tipo de intenção na arquitetura é útil para a intenção do programa, porque você se sente como um jogador mesmo”, explica.

“Além de ficarem presos, o excesso de estímulos da decoração e a pressão de estarem em um programa ao vivo, o fato de conviverem com pessoas diferentes, o uso constante de bebida alcoólica, a política do cancelamento e o fato de serem vigiados o tempo todo fazem com que os participantes fiquem tensos e agitados e acabam perdendo o controle das situações”, complementa a psicóloga.

Essa sobrecarga influencia diretamente o clima da casa. “O participante sai de um ambiente onde a ótica dele está sobrecarregada de informações para outro com as mesmas características, o que resulta na sensação de fadiga ao longo do tempo, gerando estresse e uma sensação de oposto a um spa”, diz Bárbara Lopes.

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3. Conflitos dentro da casa

Muitas pessoas estão reclamando que, nesta edição, os conflitos são menores do que no último ano. A psicóloga Vanessa Gebrim acredita que é muito difícil não ocorrer conflitos até o final do programa. “O próprio ambiente estimula a competição entre as pessoas, e isso acaba facilitando confusões e brigas. Como é um jogo, não dá para fazer amizade com todo mundo o tempo todo (…)”, conta.

O ambiente como um todo é planejado para incentivar essas trocas entre os irmãos. “É um modo de favorecer a interação das pessoas; é impossível sair de um quarto para o outro sem passar pela sala. A ausência de janelas aflige as pessoas, e o excesso de informação estimula o diálogo dos participantes com o próprio ambiente”, explica a arquiteta.

4. Equilíbrio no jogo

A psicóloga revela que, mesmo que alguns fatores acabem turbinando alguns tipos de comportamentos, isso não significa que todos irão perder o equilíbrio no jogo. “Isso vai depender da dinâmica de cada pessoa, como ela lida com a vida, com seu repertório emocional e como isso influencia os seus relacionamentos”, afirma.

“Com certeza, vai se sair melhor quem tiver resistência emocional, resiliência e carisma para conquistar o público. Com o tempo, a pessoa com inteligência emocional e maior jogo de cintura terá mais facilidade de manter o equilíbrio. No geral, é aquela com mais facilidade de se adaptar ao ambiente cheio de estímulos que vai prevalecer, é como ela lida com as relações, com o jogo, a competitividade e a pressão. Essa com certeza terá mais chances de vencer”, revela Vanessa Gebrim.

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5. Máscaras sociais

Também existe a crença de que, em uma situação de grande pressão, as “máscaras vão cair” e as pessoas vão revelar quem realmente são. Vanessa Gebrim conta que, segundo esse paradigma, todo indivíduo tem uma autenticidade própria que, supostamente, pode ser suprimida por aquilo que chamamos de “máscaras sociais”, que são adotadas por cada um.

“Essas máscaras seriam as nossas defesas, ou seja, os papéis ou os personagens que desempenhamos em diferentes esferas da nossa vida e que são fundamentais para garantir a nossa adaptação social. Assim, no BBB, certos aspectos do confinamento e a pressão psicológica que cada participante do programa sofre acabam deixando a pessoa bastante vulnerável, propiciando a retirada dessas máscaras. As pessoas, muitas vezes, acabam revelando quem são e nem sempre o que os outros esperam que elas sejam”, comenta.

6. Quarto branco

Outro ponto que também afeta os participantes é colocá-los no quarto branco, em que o confinado tem uma privação sensorial extrema e a iluminação constante acaba desregulando o relógio biológico da pessoa.

“Saber a diferença entre o dia e a noite e a hora de dormir é fundamental para que o cérebro regule a produção de hormônios importantes para o funcionamento do corpo, como a melatonina. Sem ela, a pessoa não dorme. E, sem dormir, a pessoa caminha para o estresse absoluto, causando irritabilidade, nervosismo, podendo fazer com que o indivíduo chegue à exaustão”, explica Vanessa Gebrim.

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7. Medo do cancelamento

Nas outras edições, vimos diversos casos de “cancelamento”, e o medo de passar por essa situação traz muita preocupação aos participantes. Alguns, por terem uma imagem já conhecida, ficam com receio de prejudicar suas carreiras por falas e atitudes dentro da casa.

“O ideal seria que todos os participantes antes de participarem do BBB fizessem psicoterapia. Nada pode evitar a dor inicial de ser cancelado, mas, se a pessoa tiver uma boa autoestima, isso pode amenizar o que os outros pensam dela. Para que o cancelamento não aconteça, é essencial que a pessoa se conheça e que tenha controle mental e emocional”, orienta a psicóloga.

Ela reforça que devemos sempre lembrar que todos nós temos emoções, qualidades e defeitos. “Se o participante conseguir lidar bem com suas falhas e tiver uma postura transparente e humana, o cancelamento não acontecerá. Ninguém gosta de uma pessoa que tem um ego muito grande. Participantes que se acham demais e não são humildes tendem a ter uma rejeição maior. O ideal é que a pessoa sempre se mantenha verdadeira e saiba lidar bem com seus erros e acertos”, conclui a especialista.

Por Maria Carolina Rossi

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