No início de novembro de 2023, a segunda pessoa no mundo a recebeu um transplante coração de porco morreu.
Seu nome era Lawrence Faucettemorei nos EUA e o problema é que o corpo dele não acabou de aceitar aquele coração de porcogeneticamente modificado, que ele havia recebido apenas 6 semanas antes.
Antes dele, a primeira pessoa a receber um coração de porco – animal que possui alguns órgãos com grandes semelhanças com os de uma pessoa – essa primeira pessoa também morreu.
Agora, a ciência trabalha para superar esses problemas e até promete que, no futuro, não será necessário fazer transplante.
Há um projeto em andamento, neste momento, para que os corações sejam capazes de se regenerar.
E está sendo liderado por uma empresa chamadaZeclínicas.
Eles conseguiram identificar quais mecanismos são ativados em nosso corpo para que o coração é capaz de se regenerar após ter sofrido algum tipo de lesão como, por exemplo, um ataque cardíaco.
Davide D’Amico, que é o cofundador desta empresa, nos contou. No áudio a seguir você poderá conhecer todos os detalhes desse projeto pioneiro.
Ouça a parte 19 de O que vem por aí
Até agora, Zeclinis já conseguiu recuperar por conta própria os corações danificados de alguns ratos – corações que sofreram um ataque cardíaco.
Primeiro, eles fizeram isso com peixe zebra.
O próximo passo será testá-lo com animais de maior porte, como porcos e, se tudo correr bem, a última fase será com humanos.
Claro que o surpreendente é saber que o animal que dá origem a toda esta investigação mede apenas 4 cm e é um peixe, o peixe-zebra.
Os genes desses animais relacionados a doenças cardiovasculares compartilham 90% de semelhança biológica conosco.
Portanto, o que é feito neles tem possibilidades altamente potenciais de sucesso com o ser humano.
Peixe zebra, mestres da regeneração
A seguir, falaremos sobre a capacidade de regeneração do peixe zebra:
Regeneração de barbatanas: Os peixes-zebra são capazes de regenerar completamente suas nadadeiras após serem feridos. Durante esse processo, formam-se células chamadas blastemas, que são massas de células progenitoras que podem se diferenciar em vários tipos de tecidos.
Regeneração cardíaca: Uma das características mais notáveis do peixe-zebra é a capacidade de regenerar o coração.
Após uma lesão, como um corte no coração, essas criaturas podem substituir completamente o tecido cardíaco danificado, uma habilidade que os humanos e muitos outros mamíferos não possuem.
Regeneração do sistema nervoso: O peixe-zebra também pode regenerar partes do seu sistema nervoso central, incluindo a medula espinhal.
Isso os torna um modelo valioso para estudar a regeneração neuronal e o reparo de lesões na medula espinhal em humanos.
Mecanismos moleculares e genéticos: A regeneração no peixe-zebra envolve uma série de processos moleculares e genéticos complexos.
Os investigadores identificaram vários genes e vias de sinalização que são cruciais para a regeneração, como os genes mps1 e fgf20, que estão envolvidos na regeneração do coração e das barbatanas, respetivamente.
Para outras doenças
E o mesmo que estes investigadores estão a fazer com os ataques cardíacos, querem alcançar com outras doenças, como a doença de Parkinson.
Davide D’Amico e sua equipe conseguiram, num primeiro passo, encontrar peixes-zebra que apresentam as mesmas mutações de uma pessoa com Parkinson.
E já localizaram uma proteína que – alterada – poderia ser tratada com um medicamento para reverter esse processo.
Uma emocionante aventura que estão conseguindo realizar graças a recursos públicos e à ajuda de alguns investidores.
Agora, o próximo passo para eles, além da investigação, será convencer os grandes intervenientes da indústria farmacêutica a apoiá-los financeiramente.
Claro que o esforço valerá a pena. O que está em jogo é encontrar uma ou mais soluções para doenças que causam milhares de mortes em todo o mundo.