Após chuva, Defesa Civil avalia se prédio na zona sul de SP corre risco de desabar - São Paulo - Estadão


Técnicos da Defesa Civil Municipal e Estadual descartaram risco de desabamento em prédio no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, após a queda de um muro causada pela chuva de quarta-feira, 11. O condomínio fica no Jardim Germânia, na Rua Doutor José Serra Ribeiro, próximo a uma comunidade. Por conta do excesso de água, junto ao muro, um barranco de cerca de cinco metros cedeu, gerando o alarde dos moradores. Cinco casas foram interditadas na comunidade.

“O agente vistor foi até o local e as devidas providências foram tomadas como: solicitação de desocupação do local por risco de ruína, além do pedido de interdição emitido para a área particular”, afirmou a Prefeitura no início da manhã, após vistoria inicial. Mais tarde, a Defesa Civil Estadual fez uma nova vistoria e disse que “o local do deslizamento já está sendo contido com uma obra emergencial e ” a torre do condomínio próxima ao muro não foi afetada e não será interditada imediatamente”.

Participaram do estudo o engenheiro da construtora responsável pelo prédio, Plano&Plano, a Prefeitura, por meio da Defesa Civil Municipal, e a Defesa Civil Estadual, com uma equipe de engenharia civil e geologia.

O muro servia de barragem entre o prédio e a comunidade, que fica atrás dele. Ele caiu por volta das 17h desta quarta, assim que começou a chuva, de acordo com moradores da comunidade. No momento em que a reportagem esteve no local, na manhã desta quinta, 11, equipes da Defesa Civil e de engenharia da construtora faziam análises.

Equipes da Defesa Civil Estadual e Municipal avaliam se há risco de desabamento em prédio no Capão Redondo. Foto: Giovanna Castro/Estadão

A Defesa Civil Estadual informou que os cinco imóveis interditados na comunidade – de acordo com moradores, seriam quatro famílias – eram de construção irregular. “As famílias estão sendo assistidas pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do munícipio”, diz.

O órgão estadual afirma ainda que continua acompanhando a situação meteorológica e monitorando o risco hora a hora. “Nos próximos dias, a construtora deverá apresentar um laudo técnico junto à subprefeitura de Campo Limpo. Ao final da obra emergencial o local será monitorado diariamente. Havendo qualquer deslizamento, novas medidas serão adotadas.”

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O empreendimento tem cerca de dois anos e conta com duas torres e 330 apartamentos de 2 dormitórios cada. Na comunidade ao fundo, centenas de famílias com crianças sofreriam com o desabamento.

Moradores da comunidade dizem que já havia uma rachadura no muro e que, há cerca de dois anos, ocorria vazamento constante de água.

“Minha mãe está com muito medo, disse que nem dormiu. Ela mora aqui com o marido, a minha irmã e os meus dois sobrinhos. A Defesa Civil interditou a casa dela, mas ela não tem pra onde ir. Eles falaram que tem que ver com a Prefeitura sobre um auxílio, mas isso é demorado. Estão se mudando pra casa do lado”, disse o filho de uma moradora da comunidade, que preferiu não dizer o nome.

Uma vistoria preliminar da Defesa Civil Municipal diz que o desabamento ocorreu em razão de uma erosão. O chamado foi registrado no terceiro dia seguido de temporal que atingiu a cidade e há previsão de mais chuva para esta quinta.

Um prédio no Capão Redondo, na zona Sul de São Paulo, corre risco de desabar após um barranco próximo ao local ceder durante as chuvas fortes que atingiram a capital paulista nos últimos dias.  Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo a construtora Plano&Plano, “o empreendimento Plano&Estação Campo Limpo foi executado em absoluta conformidade com as normas técnicas aplicáveis e sua estabilidade atestada mediante vistoria realizada por empresa especializada antes da entrega do imóvel, concluído em 2021″. Ainda segundo a empresa, o imóvel teve todas as aprovações e autorizações dos órgãos públicos responsáveis.

Após mais de 3 anos da entrega do empreendimento, a empresa diz ter sido informada “pelo condomínio de uma escavação irregular, por parte de terceiros, no talude externo e contíguo ao empreendimento, em área de preservação permanente”. Essa interferência externa e independente, prossegue a nota, “descalçou a sustentação do muro de divisa do empreendimento e, tal ação, combinada com as fortes chuvas recentes, levou à queda do muro”.

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A construtora afirma ainda que está prestando esclarecimentos aos órgãos competentes e auxílio ao condomínio.

Fortes chuvas voltam a atingir a capital paulista na quarta-feira, 10, pelo terceiro dia consecutivo, provocando alagamentos e queda de árvores. Foto: Alex Silva/Estadão

Segundo a Defesa Civil de Osasco, no início da noite desta quarta-feira, foi registrado um delizamento de terra na Rua Castanha do Pará, em frente ao número 40, Jardim Bonança.

A Defesa Civil foi acionada e encaminhou equipes ao local, que, após realização de vistoria, constataram o deslizamento de terra por causa da escavação do talude, que, com as pancadas de chuva, contribuíram para o evento.

Ao menos 28 residências foram interditadas preventivamente. O grupo de 62 pessoas desalojadas foi encaminhado para as casas de familiares e amigos.

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Desde o início da semana, a ocorrência de temporais tem deixado um rastro de estragos na cidade e região metropolitana. Na terça-feira, 9, um homem de 62 anos morreu eletrocutado após a queda de um fio energizado em Moema, na zona sul.

Na segunda-feira, 8, parte da estrutura de manutenção da marquise do Ibirapuera desabou e deixou quatro feridos.



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