Macaense Thais Corral é eleita para o Conselho Consultivo da Década da ONU para a Restauração dos Ecossistemas

A macaense Thais Corral, filha de Alba Corral – que fez história com sua atuação social, ambiental e política, coordenadora da Agenda 21 por 15 anos, em Macaé – foi nomeada recentemente para o Conselho Consultivo da Década da ONU para a Restauração dos Ecossistemas, onde também atua como co-presidente. Empreendedora e inovadora social, Thais herdou a determinação da mãe e se destaca como liderança feminina latino-americana global.

Thais acredita que o Conselho Consultivo seja uma plataforma coerente com o propósito de sua trajetória de vida e do que o planeta necessita, com urgência, neste momento. Segundo ela, a Década da ONU é uma plataforma que visa criar um movimento global de instituições, exemplos que mostrem que ainda é possível fazer alguma coisa para a preservação do planeta.

“Eu mesma sou fundadora e impulsionadora de um desses exemplos, o Sinal do Vale (www.sinaldovale.org). Somos um campus de 200 hectares situado na APA de Petrópolis, em Duque de Caxias. Além de cuidar das pessoas, dos animais, das plantas, nós também desenvolvemos projetos e serviços de hospitalidade, por exemplo, que mostram que é possível viabilizar uma economia regenerativa com impacto positivo sobre os ecossistemas”, observa.

O momento onde o Brasil assume a presidência do G20 (e ficará nesse papel até 30 de novembro de 2024) é considerado de extrema importância para essas questões ambientais, segundo Corral, e uma das ações pontuais é a Agenda 20/30. “A reunião da Cúpula será no Rio de Janeiro e durante todo o ano haverá reuniões bilaterais. É uma oportunidade única. E acredito que Macaé só tem a ganhar ao se alinhar com esses parâmetros e com essas metas”, acredita.

Segundo Thais, no Brasil e no mundo, a degradação dos ecossistemas afeta diretamente a saúde de vida das pessoas e do planeta. “Ambos estão interligados. A crise ambiental e a crise climática que são visíveis, eu diria gritantes, mostram que essa tem que ser uma prioridade de todos os cidadãos do planeta. Para cada árvore erradicada, teríamos que plantar quatro. Nenhum ecossistema deveria ser mais suprimido, mesmo que isso signifique mudar o nosso padrão de consumo”, explica.

Com uma vasta bagagem, a inovadora social é propulsora do projeto Caminho da Estrela, com o foco na restauração dos ecossistemas como um todo. “Hoje, nossas ações influenciam também o território, através de uma estratégia que é a trilha de longa distância, o Caminho do Recôncavo da Guanabara que tem como objetivo fomentar uma economia regenerativa através do turismo de base comunitária, de fomento ao pagamento pelos serviços ecossistêmicos e do fomento de cadeias produtivas agro ecológicas”, acrescentou.

Atuação que vem de berço

Ser criada por pais tão atuantes e à frente do seu tempo foi a maior inspiração para que Thais trilhasse esse caminho. “Eles foram pioneiros no interesse pelos ecossistemas. Meu pai comprou o sítio, lá no alto da Serra da Estrela, em 1966, e na sua breve passagem por lá, plantou muitas árvores, recuperou uma casa de farinha desativada, organizou a escola para as crianças. Tudo isso em cinco anos, já que faleceu em 1971. Depois, minha mãe e eu continuamos por esse caminho e em 2007 criamos a RPPN Mario e Alba Corral”, relembra.

Segundo a empreendedora, seus pais sempre pensaram em contribuir para melhorar as condições que encontraram sociais e ambientais. “Os dois juntos fizeram muitas ações por Macaé. Acho que a Medalha de Honra ao Mérito Alba Corral é uma homenagem merecida por tudo que minha mãe, que faleceu há dez anos, fez pela cidade”.

Neste link, é possível conhecer um pouco mais sobre a história de Alba Corral: https://youtu.be/OYmQYsKUOu8?si=yQLhZHQFw1mbYqVu .

Serra da Estrela

O fato de Macaé ter vários ecossistemas, diversos e ricos, é considerado, por Thais, um privilégio. “Muitas pessoas pensaram em formas de preservação desses ecossistemas. Cada um deles requer formas de proteção específicas. A exemplo do que estamos fazendo com o Caminho do Recôncavo da Guanabara, propomos o Caminho da Estrela, que vai ligar o parque do Atalaia a MONA do Frade, passando pela RPPN Alba e Mario Corral – que é contígua à Serra da Estrela, um dos remanescentes de Mata Atlântica, com uma grande riqueza de espécies de fauna e flora”, observa.

O lançamento da proposta dessa trilha foi feito no ano passado e junto ao Caminho da Estrela. Thais explica que também planeja criar o Refúgio Municipal da Serra da Estrela. “Dessa forma, o Caminho estará conectando unidades de conservação e viabilizando uma economia com o turismo de base comunitária, a produção de produtos agro ecológicos e o pagamento por serviços ecossistêmicos”, enumera.

Thais complementa que o Caminho da Estrela oferece a Macaé, a oportunidade de operacionalizar uma estratégia que é a instalação de uma trilha de longa distância, que pode ser transformada em política pública associada um conjunto de prerrogativas e benefícios previstos em lei, com uma economia que facilita a participação de empresas e indivíduos que querem colaborar de forma ativa com a preservação do planeta.

A expectativa é que, com sua presença na Década da ONU e o G20, se consiga convocar as autoridades de Macaé para essa oportunidade. “Como macaense que sou, gostaria de contribuir para que o nosso município tenha destaque no cenário global”.



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